“Era Uma Vez em… Hollywood” é um grande tributo ao cinema norte americano

Por Tais de Barros

Era Uma Vez em… Hollywood“, novo filme do diretor Quentin Tarantino, estreou neste mês de agosto proporcionando nostalgia dos clássicos filmes dos anos 60. Para os amantes da sétima arte, assim como eu, é um grande presente para os cinéfilos de plantão.

Estrelado por grandes atores como Brad Pitt, Leonardo DiCaprio e Margot Robbie, o filme, assim como “La La Land: Cantando Estações” (2016) é um tributo a Hollywood e a indústria cinematográfica.

O longa traz como plano de fundo uma Hollywood no final dos anos 60 e os trágicos eventos do verão de 1969, quando o movimento “paz e amor” chega ao seu fim depois de uma série de assassinatos pela cidade de Los Angeles provocados pela Família Manson.

A narrativa é intercalada pelo desenvolvimento lento das histórias de três personagens, Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) – um ator frustrado que está em crise profissional e buscando visibilidade na indústria; Cliff Booth (Brad Pitt) – dublê e amigo fiel de Rick e Sharon Tate (Margot Robbie) – atriz em ascensão e casada com o diretor Roman Polanski (diretor mais badalado da época depois de dirigir O Bebê de Rosemary). Dos três apenas Sharon Tate é uma personagem que realmente existiu.

O filme conta com uma montagem incrível, mérito de Fred Raskin e diversas linguagens, que muitas vezes não se conectam. Desde um narrador até cortes estratégicos o filme é guiado por uma trilha sonora precisamente selecionada. A narrativa é contada in media res, técnica já utilizada anteriormente pelo diretor, como em “Pulp Fiction!” (1994), onde a história não segue uma linha temporal com começo, meio e fim, mas é mutável com flashbacks e atemporalidade.

Tarantino tem seu estilo já consagrado e podemos notar vários elementos Tarantinescos ao longo da história. Desde a violência sanguinária, aos diálogos hilários, as falas reflexivas até a trilha sonora memorável, tudo no filme reflete ao diretor. Porém, em “Era uma Vez… Em Hollywood”, o diretor se aventura nos tons mais exploratórios e contemplativos, como nas cenas onde as personagens Sharon Tate e Cliff Booth que dirigem para um lugar, fazem o que precisam fazer e voltam mostrando a cidade, o trânsito e a paisagem Hollywoodiana.

Essas cenas fazem os personagens crescerem e amadurecerem na história, mas também traz uma experiência mais imersiva e cheia de expectativa ao espectador. Tate é uma das personagens mais intrigantes, aparecendo em menos de um terço do filme, ela é a personificação de Hollywood e tudo que era bom na época.

Com andares dançantes, uma energia contagiante, um coração enorme e uma aura iluminada, ela nos remete a um cinema ainda ingênuo de seu poder. Enquanto Los Angeles é colocado em contra peso as angústias de Cliff e Rick, que temem as mudanças, nas cenas de Sharon a cidade é mais brilhante e imaculada, assim como a protagonista.

Mesmo que essas digressões em torno dos personagens e seus conflitos, nos levem a quase três horas de filme, o diretor, como sempre, nos mantém interessados neles e entretidos com suas histórias. Como todas as obras do diretor, “Era uma Vez em… Hollywood” merece nossa atenção. Com dezenas de diálogos instigantes e uma aula de história do cinema, o filme nos dá frutos muito após sair da sala de cinema.

Era Uma Vez Em… Hollywood
Quentin Tarantino
Nota: 5/5
Drama/Suspense
2h 40m

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