CRÍTICA: Somente o Mar Sabe

Por Juliano Pizzol

Nem todo sonho vale o sacrifício.


O diretor James Marsh, vencedor do Oscar de melhor filme com Teoria da Vida, traz a história real do velejador amador Donald Crowhurst que, em 1968 competiu na Sunday Times Golden Globe Race, encarando o desafio de circunavegar o globo em um veleiro sem nenhuma parada. Donald o faz com o intuito de promover o lançamento do protótipo de um aparelho desenvolvido por ele mesmo, possibilitando ao velejador inexperiente saber suas coordenadas náuticas em qualquer parte do oceano.

Estrelando Collin Firth no papel de Donald, e Rachel Weisz como sua esposa, a película procura mostrar de forma quase documental todo esforço e dedicação de Crowhurst para conseguir participar da corrida, reforçada por uma campanha publicitária controversa encabeçada pela BBC, que posteriormente lançaria um programa de TV contando toda a aventura do navegador amador.
Para atingir o seu objetivo Donald abre mão de praticamente toda sua vida, planejando deixar sua esposa com três filhos pequenos por 6 meses, inclusive penhorando sua casa e sua empresa como garantia no financiamento da construção de um novo veleiro projetado pelo próprio Donald.

O filme apresenta alguns pontos importantes que receberam um tratamento cuidadoso, como o caso de depressão em alto mar devido aos longos períodos sem contato humano, com Collin Firth em uma ótima atuação que procura ilustrar o mistério em torno dos desconhecidos conflitos internos sofridos por Donald em alto mar. Porém em questão de entretenimento o filme deixa muito a desejar, podendo levar o expectador à monotonia.

Apesar disto é louvável a coragem do diretor e do roteirista Scott Z. Burns de contar a história como ela é, sem acrescentar mecanismos para tornar a narrativa mais interessante, dando o tom documental do filme. Uma marca do diretor James Marsh já presenciada em Teoria da Vida, cinebiografia que conta a luta de vida do físico teórico Stephen Hawking.

No entanto não se deixe levar pelo tom monótono da narrativa e espere ser surpreendido pelo final do filme caso nunca tenha ouvido a história do velejador, que nos mostra que nem sempre vale à pena sacrificar tudo por conta de um capricho.

Somente o Mar Sabe estréia amanhã, 26 de abril em todo o Brasil.

Somente o Mar Sabe

de James Marsh

Biografia/Drama, Inglaterra, 112 min.

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