Doralyce lança álbum experimental, afrofuturista “Pílula Livre”

Foto: Beatriz Salgado

A cantora e compositora pernambucana Doralyce lança seu segundo álbum, “Pílula Livre”. A obra experimental afrofuturista é resultado da residência artística que aconteceu no estúdio da Red Bull São Paulo em 2018, através da curadoria de Anna Penteado para o projeto Pulso Red Bull. Artistas da nova cena brasileira fazem participação como O Novíssmo Edgar, Luisa Nascim (Luísa e os Alquimistas), Luê, Tyaro, Sebastian (franciso, el hombre), Jéssica Caitano e integrantes da banda Mulamba. Dentre as faixas, a versão afrobeat de seu hit “Miss Beleza Universal”, que ganha lyric vídeo.

“Esse álbum é uma experiência totalmente inovadora para mim. Nunca tinha trabalhado com bases e com beats, a não ser com o funk de ‘Miss Beleza Universal’. A pegada eletrônica é um viés que tem muito a ver com o que uma nova cena integrada com a tecnologia está praticando, diferente do que estou habituada. Eu trabalho com música popular brasileira e os meus ritmos são influências do coco, maracatu, ijexá, samba”, descreve Doralyce.

“Foi uma experiência incrível dividir a criação, os arranjos com artistas como Naíra Debertolis e Fer Koppe, da Mulamba, que são gênias na música.
Trabalhar com Sebastian, da Francisco El Hombre, que é um super musicista. Não só dividir os vocais com Edgar, mas ter escrito ‘O Boyzinho’ com ele. Foi muito especial também escrever ‘Minha Plantinha’ com Jéssica Caitano , artista do Alto Sertão do Pajeú (PE), e ter esse encontro do Nordeste com toda a base sonora eletrônica”.

São sete faixas, entre elas “O Boyzinho”, lançada em fevereiro de 2019. O som ritmado do Nordeste com batidas eletrônicas e instrumentais traz o embalo do álbum iconoclasta e subversivo, com músicas dançantes que falam de amor e da realidade social, com manifestos contra preconceitos e intolerâncias. Faz denúncia social, questiona o assassinato de Marielle Franco, questiona os abusos de poder policial e a necessidade de falar sobre desmilitarização, questiona a força da indústria farmacêutica.

“É um álbum múltiplo, afrofuturista porque analisa a conjuntura atual e apresenta uma nova perspectiva social, uma nova forma de viver”, explica.

“O afrofuturismo é um movimento que se pauta em entender o que nossos ancestrais fizeram e compreender as tecnologias dessa ancestralidade. Entre elas está a nossa capacidade de analisar os fatos e elucidá-los para as pessoas. A música é o instrumento que eu tenho para levar essas informações para as pessoas. Então é um álbum que me mostra como feminista, como ativista, do movimento negro. Eu pauto o meu espaço como mulher preta feminista na arte nessa obra”.

Doralyce – Pílula Livre – Capa por Silvelena Gomes

A capa do álbum foi feito por Silvelena Gomes, em uma pesquisa afrofuturista apresentando notícias de jornal, com a imagem da intelectual que tem as informações saindo como fumaça da cabeça. Nas mãos, há duas pílulas: uma da alienação e outra do conhecimento. “Eu dou a oportunidade das pessoas entenderem que elas tomam essa pílula todos os dias. O cidadão que é apático tem sangue na mão”, define.

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