O retorno de Chico Buarque a Porto Alegre

Foto: Rayana Garay/Fragmentado

Por Caroline Fantineli 

“Minha embaixada chegou, deixa o meu povo passar…”, foi com esses versos que Chico Buarque abriu sua turnê “Caravanas” na capital, na noite da última sexta-feira, 17 de agosto. Mesmo com o Auditório Araújo Vianna lotado – como já era de se esperar – Chico conseguiu criar uma atmosfera intimista e contagiante. A sensação era de se estar em uma grande sala de estar ao som de canções que misturam as diversas fases de sua carreira.

O cantor esteve na capital para três apresentações no Araújo Vianna
Foto: Rayana Garay/Fragmentado

O romantismo e as letras afiadas tão características estiveram presentes em cada minuto da apresentação dedicada ao baterista Wilson das Neves – falecido no ano passado – com quem compôs “Grande Hotel”. Foi nesse momento que Chico colocou o chapéu de malandro, figura eternizada em “Homenagem ao Malandro” e “A Volta do Malandro”.

E não pense que o tom crítico ficou apenas nas composições, o público também teve voz ativa. “Blues pra Bia”, “Retrato em Branco e Preto” e “Partido Alto” , fizeram parte do repertório e mostraram que a plateia sabia de cor cada música.

Além de palmas e gritos emocionados de jovens e adultos, ficou nítido que Chico, além de um dos grandes nomes da Música Popular Brasileira, personifica uma mensagem e uma causa. “Tua Cantiga”, uma das sete inéditas que compõem o disco “Caravanas”, lançado em agosto do ano passado, tornou-se quase um convite para o início de um coro que entoava “Lula Livre“.

Acompanhado de sua banda composta por João Rebouças no piano, Bia Paes Leme nos teclados e vocais, Chico Batera na percussão, Jorge Hélder no contrabaixo, Marcelo Bernardes na flauta, Jurim Moreira na bateria e o diretor musical Luiz Ramos no violão, Chico voltou ao palco para um bis que incluiu as clássicas “Geni e o Zepelim”,  “Futuros Amantes” e “Paratodos”. Nesta última, aliás, ele dançou e, como se dissesse “obrigada”, tocou a mão de alguns fãs.

Após quase duas horas, 30 canções, quase nenhuma pausa para falas ou entre as músicas e outro coro entoando “Lula Livre“, ficaram duas certezas: interação é vibração e energia; sentiremos saudade até o próximo encontro.

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