Timeline Trio lança disco “Oroboro”

Foto: Gabriel Soares

Timeline Trio acaba de lançar seu primeiro registro de estúdio, “Oroboro”, composto por 12 faixas. Produzido por Lourenço Rebetez, disco já está disponível em todas as plataformas digitais e figura entre os projetos de música instrumental que, para além desse gênero, é pensado como canção.

Nosso objetivo e impulso criativo sempre foi destacar a composição e tudo o que viesse a fazer parte do som deveria, naturalmente, evidenciar esse aspecto”, explicam os artistas que recebem nos vocais, como convidados especiais, Rashid, Xenia França e Maria Gadú.

Das inspirações encontradas nas cantigas de candomblé, passando pelo legado de Hermeto Pascoal e o encontro com os beats de J-Dilla, O compilado sonoro enaltece as riquezas da musicalidade afro-brasileira, indígena e seus desdobramentos históricos. Tudo isso enquanto, profundamente, dialoga com nosso tempo e localidade urbana. A missão é revelar, uma a uma, as conexões que já existem entre os ritmos tradicionais e as produções de massa: essas que estão nas rádios.

Soando cru e ao mesmo tempo orquestral, o álbum se aproxima do rap, da linguagem eletrônica, dos clássicos, dos toques puristas, ruidosos, limpos e telúricos. Nesse caldeirão eletrizante, apresentam uma visão de mundo onde a espiral do tempo une aqueles que estiveram em nosso campo de vibração até hoje.

É importante perceber os elos que nos conectam com aquilo que crescemos ouvindo nas FMs. Seja qual for a posição do dial, hoje percebemos a identidade diaspórica que cada hit guarda. Esse é um grande resgate. O maestro Letieres Leite apontou o caminho e nos mostrou as escolhas do racismo cultural que se apropriou e se apropria da herança dos povos vindos de África. Uma apropriação indébita, imoral, que forjou não só a cena brasileira, mas também a americana. Somos mais uma voz que procura apontar essa questão”, ressaltam.

Oroboro” é, então, um túnel que conecta a guitarra de Nile Rodgers com o Ijexá dos Filhos de Ghandy, a bateria de Chris Dave com as cantigas de Oyá, os cantos de aboio com as pentatônicas de Stevie Wonder, entre outras conexões audíveis.

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