Por Nahiene Alves
Estamos com novidade e, para isso, convidamos Danilo Cutrim para dar o pontapé inicial ao mais novo espaço do Fragmentado: junto.conectado, que tem como intuito de ampliar ainda mais a disseminação de trabalhos culturais.
O cantor, compositor, guitarrista e produtor musical Danilo Cutrim lançou, nessa última semana, o seu mais novo trabalho autoral “Somos um“. A faixa que faz parte de um mergulho voltando aos anos 70, o qual o artista passou a ouvir mais os cantores como Cassiano, Tim Maia, Earth Wind & Fire e Chaka Khan que embalaram a década.
Cutrim já é conhecido por misturar de reggae, rap, música eletrônica e regional brasileira nos projetos como Braza e da bossa nova, agora chega com novas experiências sonoras.
Confira o trecho da entrevista:
NA: É muito interessante ver que alguns artistas tem a sua banda e, quando lançam um projeto solo, divulgam algo meio parecido e tu foi emendando uma depois da outra, estilos diferentes, né. Uma trajetória muito interessante de observar assim: Dabossa e Dubrasilis, não sei se terá continuidade e um estilo bem diferente do outro. E agora mais esse solo com referências que assim, acho que quem te acompanha não esperava. O clipe, com muitas referências, aquela guitarra, o enquadramento ali, enfim. Vou deixar você comentar como foi a produção audiovisual. Se tu participou desta criação audiovisual e mesmo assim tu traz as tuas referências de dança né, tu quis dançar, entrou no personagem.
Danilo: É uma parada que eu gosto. Fico feliz pelos elogios, e tudo que você falou. É uma trajetória meio doida mesmo assim, porque na verdade eu vim de um lance que é de banda banda assim clássica, comecei moleque e tudo mais , muito pelo prazer de se encontrar, tocar e tudo mais e nunca tinha visto no início como uma profissão né, então foi o lance da banda que me jogou pra profissão. Então eu não tive uma formação como por exemplo vários amigos e amigas minhas que sei lá, escolheram saber que queria música, que estudaram e fizeram vestibular e depois ou fizeram mestrado ou não e foram fazer gig por aí ou se especializar em algum instrumento ou dar aula. Sei lá, a parada foi muito natural, saca? E depois eu tive que estudar os ritmos por minha conta, tudo muito direto assim e aí nesse estudo eu me identifico muito com várias culturas, música mais brasileiras, como samba, bossa nova, gosto muito, mas também vim do rock que eu gosto muito, gosto do reggae que é um lance que eu trabalho mais com o Braza, e é isso. Você falou também da pandemia, ela transformou muita gente, inspirou muita gente. Lógico que tem o lado triste também, trágico, ninguém passou ileso nisso aí, tive meus momentos de tristeza sim, mas dentre eles, nos últimos tempos eu curti muito o lance do violão. Comecei a ter aulas de violão por quase dois anos, duas vezes por semana, adoro. Aprendi muito e muito sobre violão que é um instrumento novo, daí veio esse lance de compor outro tipo de música. Acho que cada tipo de música você consegue passar uma mensagem, por exemplo, quando você tá mais melancólico, triste, acho que vai mais o samba, a bossa nova, são ritmos. A sofrência vai bem no samba, mas também tem sambas mais alegres, a bossa nova mais pra cima. Enfim, e aí eu gosto muito de atirar pra todos os lados, acho que também tem um lance de adrenalina, de risco, que eu não sei até que ponto se confunde com a função do artista.de não entregar o que exatamente o público quer, é um lance assim de surpreender. Em todos os projetos que eu tive, eu sempre, se você acha que eu vou pra lá, eu vou pra cá. Participei muito do lance audiovisual do clipe de Somos um, eu gosto muito de me envolver, de roteirizar, de dirigir, de editar e tenho pessoas comigo que são especiais, que mandam muito bem.
NA: Dá pra notar que tem um time gente fina.
Danilo: Ah, só chamo a galera que manda muito bem e que é vibe também porque (é meio redundante falar isso) mas quando você tá num set, que é um lance bem delicado, que vc tem tempo pra gravar, cansa muito, se tá um clima maneiro, isso reflete na energia do clipe, na tela. Então foi um clipe, como você falou, eu gosto muito de dançar, tenho muitos amigos e amigas na dança que eu desenvolvi até por causa do Braza também pelos clipes, e tem uma menina muito especial que é a Manu Torres, acompanho ela demais, conheço ela a muito tempo, já participou de clipe do Braza inclusive. E aí ela na verdade me indicou a outra dançarina que é a Thay Vieira que tive a felicidade de conhecer, também figuraça. Foi muito gostoso, ensaiei com elas, a gente montou uma coreografia, Manu que montou, mas a gente montou junto também. Muito maneiro esse lance de dançar, de sair desse universo de música, gravação e esse tipo de coisa. E é isso, a música tem cara de anos 70 e eu quis botar isso na concepção dela, tanto da tocabilidade, tanto quem eu chamei entendeu muito bem o que era a música, quanto pro visual. Chamei Alexia, que é uma grande figurinista e ela chamou um assistente também,e a gente chegou num figurino mais anos 70. O tratamento quem fez foi o Caio Lamin, muito craque, ele que fez a arte toda do disco também, então ele botou todo esses ecos, esse efeitos que se usava muti nos anos 70. Worth in the fire tem um clipe que é bem nessa onda.Naquela época era tudo a mesma coisa né, durante muito tempo, era a mesma máquina, a mesma galera que fazia e isso vem pro Brasil também com uma influência do Cassiano, do Tim Maia que eu gosto muito.
E essa música faz parte de um disco que eu vou lançar não sei muito até exatamente quando, mas essa foi uma música que eu achei maneiro pra começar não sei te explicar porque é pop.
NA: O disco vai seguir nessa pegada anos 70 ou vai ser multi também.
Danilo: Pois é, então, é um disco muito tocado, tem um lance de ser premeditado. Eu acho que isso realizo muito no Braza, com meus amigos. Mas eu quis fazer exatamente outras ondas que o Braza ainda não fez, talvez faça, porque lá também a gente é maluco, gosta de fazer qualquer coisa, mas foram ondas que a gente não fez. Então tem bossa nova, tem samba, forró pra caramba, tem issigexais, tem afrobeat, tem … cara, cada faixa tem essa concepção do disco de ao invés de tentar fazer uma unidade sonora, cada música vai ser um lance, e ainda eu acho que ele tem uma sonoridade um pouco anos 70 porque ele foi muito tocado. Basicamente cada música, ou cada duas músicas eu montei uma banda diferente, chamei muita gente muito diversa, de várias idades, sexos e concepções diferentes pra fazer cada música. Então nem sei, pode soar anos 70 porque é bastante tocada, não tem nenhum sample nem nada que nem tem no Braza, é tudo som mesmo, um disco meio retrô. E eu escolhi essa música pra começar porque é uma música pop, acho que todo mundo entende.
NA: Pensando esse antes, por mais que tenha todo esses vieses diferentes, me parece que foi pegar e realmente ir a fundo naqueles estilos musicais que te atraíram, tu não só curtiu aquele estilo, tu pegou e foi lá, foi tocar, foi experimentar foi criar em cima daquilo, pra fazer a tua criação em cima daquele estilo.
Ouça entrevista completa em:
Assista o clipe: