Como trilha sonora que vem para despertar aquela tal vontade de tocar o céu, Alef Totem acaba de lançar, em todos os aplicativos de música, a mixtape ‘Mãe, Deixei a Roupa no Varal’. O título, abreviado como MDRV, já entrega um pouco do voo que o projeto apresenta enquanto é embalado pela melancolia, força e intimidade cotidiana do artista.
“Essa é uma homenagem para a minha mãe. Quase como uma carta em que eu relembro tudo que vivi e o tanto que sou grato por tê-la. Nesse momento, eu entendo que preciso me desprender para trazer o mundo de volta todinho pra ela: através da minha luta, do meu trabalho, dos meus rasantes e da minha arte. Acho que me inspiro muito na mensagem do Emicida, sobre “nunca voltar pra nossa quebrada de mãos e mentes vazias”. Tenho pensado muito nisso. Quais são os lugares que podemos e devemos ocupar? Quais são os horizontes para quem, assim como eu, vem da periferia e é lgbtqia+? Acredito nas possibilidades e, mesmo quando estão distantes de nós, são reais. Tanto quanto esse meu EP de estreia”.
Inspirado em nomes como Criolo, Flora Matos, Curumin, Kali Uchis, Rosa Neon, James Black, The XX e Tash Sultrana, Alef Totem acredita na pluralidade experimental. É por isso que, em uma mesma faixa, consegue misturar rap, mpb, indie e pop.
“Minha viagem é ter, por exemplo, uma melodia orgânica tocada com escaleta e gravada no celular em cima de um beat de funk mais sintético. Amo camadas de voz, ambientação, sons climáticos e vintages”.
Entre as participações especiais, uma intro assinada por Marcela Vieira, violão de Ju Martins, vocais e letras de Isaac de Salú, Lumin e Jasmyne Souza, irmã mais nova do Alef. A produção é do próprio músico em parceria com Salú e Leo Machion. A edição, mixagem e masterização surgem das mãos do Estúdio Jhama (Matheus Sol). Rafael Stonne também foi um grande parceiro dessa jornada.
Faixa a faixa assinado por Alef Totem
Intro MDRV, escrita e recitada por Marcela Vieira, retrata meu processo de voo, de me jogar de Itapevi, minha cidade, para São Paulo, em busca de realizar os meus sonhos. Fala sobre como esse processo nos faz olhar pra trás com amor, carinho e querendo voltar pra nossas origens com mais e melhor.
Pipa no Céu é produzida por mim e tem participação de Lumin. Dividimos versos num beat que traz referências de rap, funk e mpb. Nessa, cito O Rappa e Cícero.
Deságua tem o arranjo de violão e a harmonização da Ju Martins. Ela é guiada pelo violão e acompanhada de uma batida de xote eletrônico. É pra refletir sobre os nossos desagues, nossas correntezas, mas numa roupagem malemolente. Dá pra dançar colado e mandar pra pessoa amada. Falo sobre se manter aberto para mergulhar, se entregar, viver com verdade e intensidade.
Rodinha$ é uma uma colaboração com Isaac de Salú, onde dividimos a produção do beat, voz e letra. Sampleando Devendra Banhart que deu em um indie rap dramático e futurista. Trazemos as rodinhas e o pedalar como metáfora para seguir caminhando. Precisamos pedalar para chegar lá. Marcha leve pros nossos sonhos, sempre. Jasmyne Souza, minha irmã mais nova, faz participação especial como backvocal no refrão.
Sdds de Mim é uma coprodução minha com Léo Machion e tem participação do Isaac de Salú, onde falamos sobre a saudade de quem a gente era quando mais jovem. Acredito que nela a gente versa sobre histórias e memórias da infância e tudo que dividimos sem nos conhecermos em Itapevi. E, por fim, por nossa luta que segue e se fortalece em vários cantos, terminamos com o verso que referencia o disco Assembléia de Eus de Isaac de Salu “ei, eu escute isso, eu, eu te amo”.