Por Rayana Garay
Quem disse que ser tonto ás vezes não é sinônimo de algo bom? Então, neste longa com produção argentina e espanhola, distribuído pela Warner Bros. Pictures e sob direção de Sebastián Borensztein, retrata a vida pacata de moradores numa comunidade de Buenos Aires, Argentina.
O casal Lídia (Verónica Llinás) e Fermín Perlassi (Ricardo Darín) decide montar um negócio, ter uma cooperativa numa antiga fábrica que havia falido alguns anos. O ex jogador de futebol, ainda idolatrado por todos, estava bastante empolgado com a oportunidade, porém não tinha pensando no valor e como faria para administrar a empresa.
Dessa forma, o casal decide conversar com um dos proprietários do local, no qual acaba surpreendendo pelo valor que estava sendo cobrado pelo terreno. Embora o preço tenha sido um grande problema, mesmo que eles deveriam ter pensando no valor antes, Lídia e Fermín esperançosos acabam pensando numa outra possibilidade: procurar interessados nesse negócio. Eles procuram pessoas que têm aquisições como outros empreendimentos e até mesmo dinheiro guardado. Cada um contribui com uma grande quantia que chega a somar mais de R$ 100.000,00.
Mesmo que a quantia seja bem significativa, não chegou ao valor que eles precisavam. Para deixar o dinheiro no lugar seguro, o casal parte para um cidade próxima que é considerada a mais segura para se guardar objeto. Acredito que você deva estar se perguntando: “Tá, mas por que não foram até o banco realizar um depósito?“. O longa “A Odisseia dos Tontos” retrata um período muito delicado para a história do país (Argentina). Eles estavam passando por uma grande crise. A economia não realizava giros significativos, não havia tantas movimentações dos negócios, não tinha tantos empregos, por isso o receio de qualquer investimento era grande. Porém o sonho de construído a cooperativa era maior, principalmente para Fermín que decide mesmo assim solicitar um empréstimo ao banco.
Obviamente acabou sendo negado, não pelo histórico dele, mas sim pelo período já citado por aqui. Fermín chegou a mencionar a quantia que tinha guardada para o gerente do banco, que aproveitou da oportunidade e ingenuidade para influenciar um deposito, pois dessa forma o banco iria analisar com outros “olhos” e assim ficaria muito mais fácil conseguir o empréstimo, consequentemente comprar o térreo.
A história não tem um bom desenrolar e nesse sentido pela ingenuidade, ou melhor tontice de Fermín, acabou prejudicando não somente ele, mas como todos aqueles que apostaram o dinheiro no empreendimento. Vale ressaltar que não foram somente eles que saíram prejudicados, a comunidade toda ou melhor dizendo, o país. Tendo essa situação preocupante surge informações importantes vinda de um dos funcionários do banco sobre os dinheiros que estavam no local. Claro que “os tontos” não iam deixar por menos e passaram a investigar ainda mais essa informação.
De bobos, de tontos, de ingênuos, eles não tinham nada. Porém melhor se passar por tudo isso do que desconfiarem que eles estão armando maior plano para ter de volta, não só o dinheiro que foi depositado, mas também de outras pessoas.
“A Odisseia dos Tontos” é um longa emocionante, simples e delicado. Seu roteiro apresenta a simplicidade que acaba conquistando todos que assistem. De forma delicada introduz assuntos que são considerados problemáticos de se abordar, principalmente pela forma como a politica atua sob um país. Trata também sobre a perda de pessoas queridas, amizades, também justiças e injustiças, pois quem iria acreditar num grupo de tontos?
A fotografia impressiona por trazer referências da época, já que o filme é retratado no ano de 2001. Objetos, decorações, vestimentos compõem o universo simples da comunidade localizada em Buenos Aires. A trilha sonora acaba por ambientar ainda mais esse cenário que é mostrado diversas cenas de emoção. Não tem como se encantar com a produção, pois realizaram um belo trabalho de forma crítica representando a possível cena atual, podendo se dizer, do mundo.
“A Odisseia dos Tontos” chega as grandes telas do cinema nesta quinta-feira, dia 31 de outubro.
A Odisseia dos Tontos
Sebastián Borensztein
Nota: 4,2/5,00
Drama.Comédia/2h
