Cinema de entretenimento ou desinformação Yankee?

Por Juliano de Pizzol

Em Feito na América Tom Cruise interpreta Barry Seal, ex-piloto comercial secretamente contratado por um agente da CIA para fazer fotografias aéreas das operações dos Bolcheviques na América Latina quando, em um golpe de oportunismo, resolve lucrar dos dois lados, fazendo negócios para o Cartel de Medellín, transportando cocaína da Bolívia aos Estados Unidos e enganando a CIA e o FBI no processo.

Sem Tom Cruise como protagonista o filme seria mais uma produção rasa entre tantas outras que exploram a temática tão em voga do narcotráfico e, apesar disto, a sua participação não traz nada de inovador, inclusive com alguns momentos de atuação medíocre e desinteressada, não passando de um nome estrelado utilizado para atrair mais público. No entanto o longa traz algumas relevantes informações históricas na forma de animações bem dinâmicas que acrescentam ritmo à narrativa, e a própria história de vida do piloto foi interessante o suficiente para justificar a produção de um filme, mas quem assistiu ao documentário Cocaine Cowboys, disponível na Netflix, sabe que Barry Seal não possuiu aquele carisma canastrão demasiadamente incorporado por Cruise no cinema.

O diretor Doug Liman, responsável pelo recente Na Mira do Atirador, se esforça em passar um ar documental ao filme, fazendo Cruise quebrar a quarta parede em determinadas cenas em que conversa com o espectador, ou com movimentos de câmera tremula, dando a impressão de captura amadora em algumas tomadas específicas, mas tudo parece deslocado e sem propósito quando Cruise se pronuncia em uma atuação vazia e sem vontade, fazendo crer que em termos de narrativa teria sido mais eficiente se abster de tais recursos cinematográficos.

Relevando estes pontos negativos o que sobra é um divertido filme sobre cobiça e ganância em ritmo de filmes de assalto com ação reduzida e humor na medida com um bom elenco de apoio, inclusive nos oferecendo um Pablo Escobar(Mauricio Mejía) muito superior ao de Wagner Moura na série Narcos, e uma direção de arte impecável de Patricia Arango, proporcionando uma ótima reprodução dos anos 80 que, apesar disto, parece não ter sido o suficiente para o cinematógrafo César Charlone, que abusa das exageradas camadas de filtro que dão um forçado ar vintage à produção.

Feito na América estreou no dia 31 de Agosto e segue em cartaz em todo o Brasil.

Feito na América.
De Doug Liman.

Ação/Comédia/Biografia, EUA, 2017, 115min, 17 anos.

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