Planeta dos Macacos: A Guerra finalmente entrega uma cronologia coesa aos fãs da epopeia simiana

Por Juliano de Pizzol

Diferente dos filmes originais, que apresentam uma cronologia sem o menor planejamento, a trilogia revitalizada da franquia O Planeta dos Macacos coloca os pingos nos is, enxugando muito da narrativa desnecessária presente nos filmes anteriores – incluindo o fraco reboot do diretor Tim Burton – e entrega uma obra bem estruturada em termos de ambientação e posicionamento temporal, reduzindo o período de tempo entre a ascensão do chimpanzé Cesar e a chegada do astronauta George Taylor para poucas décadas, enquanto os originais mantém um extenso período de três milênios entre os acontecimentos do “presente” e do futuro.

O recente filme da franquia, Planeta dos Macacos: A Guerra, com estréia marcada para o dia 03/8 ainda não toca na questão da viagem no tempo, mas deixa o terreno bem fundamentado para a chegada da nova fase da revisitação da saga. Enquanto nos originais o arqueólogo símio Cornelius vive em um planeta Terra já totalmente dominado por macacos de inteligência equiparada à dos humanos, três milênios após a revolta de Cesar, nos filmes novos a cronologia foi organizada em um espaçamento de tempo inferior à cem anos, e o faz magistralmente e sem desperdício de referências ao lore dos seus antecessores, oferecendo ao espectador alguns lampejos do que ainda está por vir. Porém, o que deveria ser um filme de Guerra como sugere o título, lembra mais um filme de fuga. O conflito entre macacos e humanos sobreviventes parece pequeno diante dos eventos do filme anterior, fazendo parecer mais adequado uma troca de títulos entre os dois filmes da franquia.

Apesar disto, o roteiro é bem traçado e exibe grande avanço nas animações, visualmente superior aos já excelentes Planeta dos Macacos: A Origem, e Planeta dos Macacos: O  Confronto, fica quase impossível identificar diferenças entre o real e o virtual em Planeta dos Macacos: A Guerra, por vezes um road movie pós-apocalíptico com uma bela fotografia que faz lembrar o fantástico A Estrada, do diretor John Hillcoat. O clima causado por esta ambientação acaba dando muito mais profundidade à trama e sentido à pesada carga emocional concedida pela sempre brilhante atuação de Andy Serkis, conhecido por seu trabalho em O Senhor dos Anéis, quando encarnou o hobbit corrompido Gollun.

O olhar dos macacos chega a parecer quase humano, e cada detalhe nas expressões dos atores se tornam aparentes graças à captura de movimentos e aos efeitos especiais da Wetta Digital, que saltam da tela nas crostas de sujeira dos pelos dos símios e nas camadas de feridas de guerra em suas peles digitais. A única atuação de destaque no elenco de carne e osso fica por conta de Woody Harrelson, conhecido por suas representações de personagens de comportamento nada ortodoxos.

O diretor Matt Reeves conclui assim o arco de história do mais importante personagem de toda saga Planeta dos Macacos, o chimpanzé Cesar, e nos deixa ansiosos com a promessa de um decente reboot do original de 1968, agora com as origens dos personagens Cornelius e da humana primitiva Nova já pré estabelecidas em Planeta dos Macacos: A Guerra, um forte candidato ao Oscar de melhores efeitos visuais e melhor filme de 2017.

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