Os Guardiões: Um desastroso pastiche de filmes de super-heróis

Por Juliano Pizzol

Meus amigos, que desastre. Confesso que a primeira vez que vi qualquer cena deste filme, talvez a uns dois ou três anos atrás, a proposta me pareceu interessante. Um misto de Marvel e DC Comics da Russia, com um personagem que na ocasião chamou bastante atenção: um urso humanoide  portando uma enorme metralhadora gatling, e outros três personagens menos apelativos, cada qual representando uma das quatro nações que compõem a União Soviética. Porém, o que se vê em Os Guardiões, filme russo de super-heróis patrióticos do diretor Sarik Andreasyan, é uma fraca produção de retalhos digitalizados.

O roteiro do filme parece ser escrito por um adolescente que brincava com os seus bonequinhos no jardim de casa. Nada na trama extremamente patriótica faz sentido, o filme se reduz à fórmula “bandido cria mocinhos especiais e os abandona/ bandido ameaça o mundo/ mocinhos são procurados pelo governo/ governo forma super grupo/ super grupo se vinga do bandido.” A montagem inteira do filme é muito corrida, com cortes em demasia, o que explica a demora do lançamento, dando a impressão de que cada minuto do filme foi montado como se fossem pequenas peças de Lego desenvolvidas conforme a disponibilidade de orçamento ao longo de meses de produção. Cada apresentação de personagem soa estúpida e desconexa, com eles contando o seus passados em meio a situações das mais estapafúrdias. Como o personagem Khan relatando como matou o próprio irmão por inveja, enquanto uma cidade inteira explode à sua volta. E você ainda precisa engolir uma moral em cada historinha forçada goela abaixo, que desce arranhando a garganta e embrulhando o estômago, te forçando a vomitar.

Os efeitos especiais são de fazer qualquer espectador agonizar na poltrona do cinema. Os pelos digitalizados do urso são dignos dos melhores gráficos proporcionados pelo falecido Playstation 2, que por muitas vezes sequer renderizam por completo. A maquiagem do vilão é bem feita e convence, apesar de mais parecer um bebê super desenvolvido do que uma ameaça de proporções globais. O design dos veículos e vestimenta dos inimigos é muito bom, apesar de não funcionar bem no filme, fazendo toda produção parecer um péssimo jogo de videogame.
Outro fator que influenciou a péssima experiência com o filme foi a dublagem em inglês. Eu esperava no mínimo ter assistido o filme com o áudio original em russo. Não entra na minha cabeça que lógica bizarra as distribuidoras aplicam em seus produtos ao querer vender um filme russo dublado em inglês para um público de língua portuguesa. É apenas estúpido e contribui para empobrecer ainda mais a já fraca narrativa do filme.

Eu realmente passei algum tempo pensando em pontos positivos para apontar nesta produção russa do diretor armênio Sarik Andreasyan, mas acreditem, não existem pontos positivos a serem mencionados. A película não passa de um pastiche de filmes de super heróis da Marvel e DC Comics feito de forma quase amadora, apesar dos recursos envolvidos na produção. Então estejam avisados: assistam a esta bomba nuclear russa por sua própria conta e risco.

Os Guardiões
De Sarik Andreasyan
Ação/Aventura, Russia, 2017, 89min, Livre.

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