Por Bernardo Figueira
Sentado à beira do rio Guaíba, como costumo fazer nos meus finais de tarde em Porto Alegre, comecei a divagar sobre a incapacidade da minha geração para lidar com as consequências dos seus atos.
A gente tem tantas opções que acabamos achando que assim temos a liberdade para usufruir de todas, quando na verdade, para cada escolha feita vem junto uma renúncia. Não há como fugir!
Não somos capazes de escolher o restaurante que iremos no aniversário de namoro, nos perdemos na escolha do curso do vestibular, até porque a gente acha que com 18 anos é muito cedo pra ser gente grande e tomar decisões – com 15 meu pai já trabalhava e construía a vida -, piramos diante de um menu de cafés e quando se fala em relacionamentos… Aí sim a coisa fica séria!
Mas também não é de se surpreender. Esses dias vi uma estrela pop mundial subindo ao palco para um show com milhares de pessoas, justificando os excessos na busca pelo “eu” e incentivando as fãs a experimentarem tudo até saberem o que realmente querem. Acredito que nem precisamos pedir o auxilio de um psicólogo para entender porque muitos desses artistas líderes de opinião são internados por vício em drogas e alguns que chegam no auge morrem por overdose. É simples, para cada semente plantada, é um fruto que nasce. Ninguém é super-herói e está isento da colheita da vida.
Somos a geração do excesso de opções, e por isso, em função de muitos que são incapazes de tomar decisões, somos também da ansiedade, da síndrome do pensamento acelerado, da depressão, da insônia e da legalização.
Como já disse um amigo meu: “Tem um espírito de meninice rondando a nossa geração, é assustador ver que ninguém quer virar adulto”. E assim andamos para um futuro próspero, sonhando muito, mas realizando pouco. Até porque pra realizar é necessário renunciar. Então é melhor continuar sentado no sofá, né amigão?
