Notas, textos e tetos: Acordei atrasada e logo, de mau-humor

Saí correndo e tropecei, derrubando tudo. Era sempre a mesma coisa, no entanto, eu que não conseguia me acostumar. A irritação permanecia; olho para o relógio e as horas insistem em avisar: “você está atrasada, corre! ”. O tempo não para e as pessoas correm para chegar a tempo. Mas tempo de quê? Respirei fundo e saí para rua.

Busco um café em qualquer padaria, e justo a que escolho, já havia passado o tempo do café. Dou umas reclamadas e procuro entender o motivo de tudo estar tão difícil, estava sufocada e infeliz. Faço um caminho diferente à procura de, ao menos, um café, em qualquer avenida. O lugar era meio familiar. Cheia de pastas e sacolas, carrego ainda na mão o celular e o tão esperado café. Vou em busca de um ponto de ônibus e nada encontro.

Passo pelo meio da multidão e dou uma tropeçada. Derrubo todo o café nas minhas coisas. Irritada permaneço no chão e digo: “Cansei”. Sento na primeira praça, ponho as mãos na cabeça e choro. Escuto vozes zombando de mim e olho para frente, pronta para jogar toda minha raiva, mas me deparo com cenas que havia esquecido. Risadas, brincadeiras, roda de amigos, boa companhia e conversas que faziam a composição de um cenário que havia ignorado há um tempo.

Sigo caminhando e crianças vem em minha direção, correndo com uma bolha enorme de sabão. Registrei o momento tanto na memória como também no celular. Era o que eu precisava, a busca da minha essência. Aquela de quando éramos crianças e fantasiamos inúmeros sonhos. Por que foi perdida? A resposta não importava. Já que a encontrei devo aproveitá-la.

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