Notas, textos e tetos: Foi só uma mensagem para mudar tudo (+18)

Dei um pulo da cama. Pensei na melhor roupa para vestir. Coloquei tudo à vista: calça, blusa, bolsa, brincos e colares.  “Mas veja só, já estou atrasada”.

Fui correndo para o banho. Amaciava cada parte de mim pensando no seu toque, no seu jeito de pegar por inteiro. Seus beijos deslizando pelo meu corpo.  Sorria pensando que faltava pouco para te ver,  depois de uma semana tumultuada, finalmente o encontro.

Me vesti e saí. Toda perfumada, só para te agradar, mal sabia eu da decepção que estava por vir. Perdi a hora, o ônibus e a fome, mas não a vontade de te ver. Queria tanto.

Finalmente chegou o ônibus! A cada esquina que se aproximava, meu coração palpitava, pulava e era difícil de conter. Talvez fosse pela alegria do reencontro tão esperado ou pelo medo do que pudesse dar errado.

Então, desço. E a cada passo que eu dava, minha perna bambeava, tremia feito vara, como se fosse a primeira vez, como quando você me pegou de jeito… Me pôs em seus braços e me fez esquecer dos problemas. Talvez seja por isso que tremia tanto. Queria novamente poder te sentir.

A rua parecia estar mais longe, eu queria chegar a tempo. Mas a tempo de quê? Você estaria lá, à minha espera, como sempre. Finalmente chego. Abro o portão. Ouço o rangido e volto a tremer. Por medo de acontecer igual a semana passada, mas lembro que prometeu que dessa vez seria diferente.

Bato delicadamente na janela. Senti um medo de ser inconveniente, de ser invasiva, mas mesmo assim, entrei. Em passos curtos, você me recebe, dou-te um beijo e vamos em direção ao quarto. Sento na cama e você volta a deitar. Turbilhões de pensamentos vêm em minha cabeça e o único que chegou perto de mim, enquanto sentava na ponta da cama, foi o seu gato. Ali, para ele, entreguei um pouquinho do meu amor. Aquela parte de um todo que guardei depois que o outro me largou.

De alguma forma você percebe e me chama para ficar ao seu lado. De braços dados, estamos prontos para dormir. Ficamos em silêncio. Ninguém sabia como começar ou como seria. Até parecia que não nos conhecíamos mais. Até que um beijo aconteceu.

Foi o começo do fim. Tivemos uma das melhores transas. Para mim, a primeira foi a melhor. Me entreguei de corpo e alma. Foi inexplicável. Já a segunda, após a conversa e aceitação de que não iríamos ficar juntos, foi a melhor para ti. Não entendi. Logo a despedida? Parte de mim recolheu-se e não quis aproveitar o último beijo, o último toque. Em silêncio permaneci. Não houveram falas, gemidos, reclamações, nada. Apenas o silêncio.

Acabava ali uma história que não teria outros capítulos, por capricho ou porque realmente não gostava tanto assim de mim.

Viramos para o lado. Você quer dormir e eu não consigo, só pensando na última conversa. Queria me enfiar num buraco e não sair mais. De novo, fui até sua casa me humilhar pedindo teu amor e você dizendo que gostava de mim, mas explicava que não poderíamos ficar juntos.

Tento levantar. Você fala para eu ficar e ainda suplica pelo meu carinho. Como posso ficar? Como posso te tocar novamente, se você já não me pertence? Doí demais pensar. Esperei você dormir para ir me vestir. Calçando meus sapatos penso em sair sem avisar, mas fui te acordar. Queria sair e não fechar a porta. Dizer para não me procurar mais.

Te acordo, você não fala nada por dois longos minutos e solta a frase: “Não me olhe assim”. Assim como? como um alguém que se entregou completamente, que se humilhou e suplicou por um amor. “Quer que te olhe como?” Pensei.

Mas só falo para fechar a porta e estava indo em direção à rua. Você me abraça e antes que acontecesse um beijo, eu me esquivo e aquele que seria o último na boca, foi parar na testa. Esse foi o adeus.

Fecho o portão e desço a rua. Aos prantos. Penso: fui usada novamente.

 

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