A humanidade vem sofrendo de uma epidemia severa causada por uma doença conhecida por muitos: o medo de se envolver em relacionamentos. Quem nunca ouviu a fatídica frase “eu gosto de você, mas não quero namorar”? Eu mesmo já disse algumas vezes e já ouvi outras vezes também. Mas qual será a verdade que se esconde por trás dessa sentença? Será o medo de entrar numa relação e ter que assumir certas responsabilidades? De perder a liberdade de ser solteiro e não precisar dar satisfação sobre sua vida para ninguém? Ou o medo de se envolver emocionalmente com alguém, se apaixonar, alimentar um sentimento dentro de si e dentro de outra pessoa que nunca tenha vivido com alguém?
As respostas variam de pessoa pra pessoa. Afinal, somos todos diferentes e nunca saberemos ao certo o que a outra pessoa está realmente querendo dizer com isso. Na maioria dos casos, o não quero namorar é contigo.
Mas vamos pensar em algumas coisas primeiro. Se você não quer namorar porquê tem medo de adquirir responsabilidades, sinto lhe dizer, mas você já adquire certas responsabilidades antes mesmo de começar a se envolver, e, nem sempre, um namoro é sinônimo de responsabilidades.
Namorar não significa estar ali 100% para a pessoa, ser 100% responsável pelo outro. Não pode ser sinônimo de estar “preso”. Namorar significa entender, compreender e ser presente quando for preciso e quando for possível. A única responsabilidade de verdade em um relacionamento é não ser cuzão (responsabilidade pra vida, na verdade).
Quem leu O Pequeno Príncipe vai entender a frase “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Assim que conhecemos alguém já estamos alimentando um sentimento, seja de amizade, de paixão, de amor ou até mesmo de ódio.
Conforme vamos saindo com a pessoa, nossas atitudes irão influenciar se ela irá se cativar ou não. Eu já cativei alguém e mesmo sem namorar fui cuzão e fodi com tudo. Foi horrível. Então, pensem, não é por que vocês não namoram com alguém que vocês não terão responsabilidades…
Quem namora tem responsabilidades apenas com uma pessoa, quem é solteiro tem responsabilidade com várias. E vamos deixar claro que estamos falando de algo mais que um beijo na balada, não daquela pessoa que você viu uma vez na vida, deu uns beijos e nunca mais conversou
Outra coisa, o que é liberdade para você? Sair com seus amigos, poder ir no cinema sozinho, poder ir para qualquer lugar sem precisar avisar ninguém? Não vai ser um namoro que vai te proibir de fazer isso. Agora, se liberdade pra ti é poder beijar quem bem entender, digo mais uma vez, não vai ser um namoro que vai te proibir de fazer isso.
Não estou falando de infidelidade e sim de combinações. Namoro é um status entre pessoas que pode ser acordado entre ambos e ter condições. Existe muitos namorados que não consideram beijo uma traição, mas já assistir Netflix com outra pessoa…
Enfim, a gente é livre para fazer o que quiser. Só é preciso analisar a consequência de nossas ações e não vai ser um namoro que vai te impedir de fazer certas coisas.
Agora, a parte mais complicada: o medo de criar sentimentos e alimentá-los.
Em uma conversa com uma amiga, choramingando as nossas desilusões amorosas, concluímos que as pessoas têm medo de se envolver e de assumir seus sentimentos e quando assumem, preferem fugir da relação do que continuar. O meu caso era que a menina gostava de mim. Ela dizia que gostava, eu dizia, mas quando tentava conversar sobre isso ela mudava de assunto, não respondia e fugia. Essa reação toda se transformou em ghosting, que é uma coisa horrível, falando em poucas palavras, é quando alguém simplesmente some, para te de responder, e começa a fingir que você sim plesmente não existe mais, um assunto bem maior que se eu começar a falar sobre irá duplicar o tamanho do texto, mas vocês podem saber mais sobre isso aqui.
Porque as pessoas têm medo de assumir o que sentem?
E porque acham que assumir que gostam de alguém e de estar com alguém está condicionado a começar a namorar? Eu acredito que não é preciso namorar para sentir algo profundo por alguém e alimentar isso. Eu já me apaixonei e amei algumas pessoas que sequer namorei.
Amor e liberdade são palavras que andam juntas. E eu não escrevi para defender o namoro e tentar influenciá-los a namorar. Meu objetivo com esse texto é fazer um apelo a todos: Parem de ter medo se envolver com as pessoas. Muitas vezes estamos deixando de viver coisas boas com pessoas que nos fazem bem por um medo bobo de acreditar que estamos caminhando para um relacionamento sério.
Conversem mais, exponham o que vocês sentem para quem vocês estão se envolvendo, isso é muito importante, tanto para vocês quanto para quem está saindo com vocês. Sejam sempre sinceros e claros quanto ao que vocês querem.
Quando falamos em sentimentos, não estamos querendo rotular o que vivemos, mas saber o que vocês sentem, como se sentem, como veem a nossa relação. Se estamos conversando a respeito disso é porque já se tornou uma relação, e, novamente, não é preciso rotular nada (namoro, amizade, peguete, ficante, rolo, caso, contatinho, crush, FODA-SE).
Vamos parar de fugir dos nossos sentimentos e de ter medo de se envolver, mas sem esquecer que isso não é sinônimo pra namoro. Nem todo mundo que gosta de você e quer falar com você sobre sentimentos quer namorar com você.
Queremos viver algo em que ambos se sintam confortáveis. Não acredito que exista receita, mas um ingrediente básico para qualquer coisa na vida é a sinceridade. Ninguém magoa ninguém, somos nós mesmo que nos permitimos nos magoar. Somos nós que decidimos o que irá nos magoar ou não, e isso varia de pessoa para pessoa.
Alguns momentos são massa de viver sozinhos, mas outros são muito mais maneiros com alguém que gostamos do nosso lado. Cuidado, ser solteiro é legal, mas no final acabamos com uma agenda cheia e uma vida vazia.
