Por Paulo Guedes
Em partes iguais de ação e drama, Designated Survivor chega de surpresa e intriga pela qualidade de uma série, que se a ABC souber aproveitar da maneira certa, pode vir a ser a nova “menina dos olhos” da tv americana. Há algo muito surpreendente sobre a história, que chega, sem dúvida, com a premissa mais intrigante em um piloto logo nesta temporada que estreia.
O protagonista é Tom Kirkman, Secretário de Habitações e Desenvolvimento Urbano do governo dos Estados Unidos, que após um ataque terrorista ao presidente, vira presidente do dia para noite. Isso porque ele é o sobrevivente designado, título que dá nome a série. Mas o que isso significa?
Todos os anos, em cada discurso anual do Estado da União, onde as condições do país e as propostas legislativas são apresentadas, o governo americano indica um nome cuja função é passar por um treinamento e ficar em segurança durante este encontro. Na prática, segundo informações do Escritório Histórico do Senado dos EUA, começou na década de 1960, já na época da Guerra Fria. No entanto, a revelação da pessoa escolhida passou a acontecer somente nos anos 1980.
Se tivesse um ataque na capital durante o episódio? Que dizime todos os representantes da linha de sucessão, quem será o responsável por assumir o cargo de chefe da nação mais poderosa do planeta? Bem, é para isso que existe o chamado “sobrevivente designado” que em caso de um ataque terrorista, se tornará presidente dos Estados Unidos da América.
E o mais fantástico na série é que realmente acontece, em um episódio tenso e muito bem amarrado. – E não. Isso não é spoiler, pois está implícito no título e ocorre logo no começo do piloto.
Então, uma conspiração parece se revelar ao seu redor e ele precisa proteger sua família, enquanto descobre o que está acontecendo.
Acredito que o sustenta na história é uma teoria. Uma não, várias: do que acontece na casa branca; do que pode acontecer; do que se trata a constituição americana; que tipo de líder o Presidente Kirkman será?; do que se trata de fato a série? E digo mais: se a audiência da série crescer – o que eu acho que vai acontecer – principalmente depois de uma votação acirradíssima pela presidência americana, e especialmente pela qualidade da série e acessibilidade ao grande público através da Netflix, acredito que a série renderá assunto em círculo de amigos e roda de bares mundo afora.
De primeira, foi notável perceber que a articulação política seria a grande protagonista durante o desenvolvimento da série, afinal estamos falando da maior potência do mundo, econômica e militar (vide a maleta do presidente no primeiro episódio).
Porém, com o desenvolver do episódio conseguimos discernir que todos e todas, inclusive o Mrs. President tem sentimentos tais como: medo, frustração e receio de que seus erros afetem sua família e claro, seus conterrâneos e a população mundial.
É nas conspirações profundas e nos seus personagens cativantes que o seriado cativa. Desde a suspeita de que Tom Kirkman (Kiefer Sutherland), sabendo previamente que isso estava prestes a acontecer, na sua figura de pai tranquilo que assiste tv e toma cerveja na casa branca;
Esqueça o personagem de Jack Bauer. Designated Survivor não tem nada a ver com 24 horas e isso se tona muito claro. Principalmente quando a figura sutherland não pode tomar decisões sobre qualquer coisa, como fazia antes. Pois agora as decisões não são mais micro, apenas situações isoladas, mas sim, macro, afetando tudo e todos.
Os canais da tv aberta brasileira talvez jamais se interessem em comprar a série, afinal não teríamos audiência, e isso, claro, deve-se ao fato de que grande parte dos brasileiros entende que não é atingido pelas decisões tomadas entre os norte-americanos, como viu-se com a vitória de Trump.
O que tinha tudo para ser uma série chata, transformou-se em uma história com um enredo genial. Minha única preocupação é manter a série com a qualidade boa quanto o piloto, em todos os 13 episódios da temporada. Aliás, agora são 22, pois ela foi renovada por causa de sua audiência. Espero que siga a mesma construção e lógica nos próximos episódios. A série pode ser companhada no Netflix, com um episódio novo a cada semana.
Veja o trailer oficial: